19 janeiro 2009

MÉDICO OU MONSTRO ?

Uma empresária sul-matogrossense, que mora em São Paulo, está entre as 40 mulheres que denunciaram o médico Roger Abdelmassih, de 65 anos, por abuso sexual. Ele é um dos mais conhecidos médicos da área de fertilização do País.

Roger, que tem um centro de reprodução em São Paulo, esteve, inclusive, em Campo Grande em outubro do ano passado, participando de um congresso de ginecologia e obstetrícia, realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo.

A empresária sul-mato-grossense Ivanilde Vieira Serebrenic, de 44 anos, relatou em entrevista à revista Isto É, que em 1999 fez um tratamento para engravidar na clínica de Abdelmassih, quando foi molestada pelo médico.

Ela ainda não havia feito a denúncia formalmente quando concedeu a entrevista e disse que o faria nesta segunda-feira. Ivanilde mora em Sorocaba, no interior paulista e faz parte da diretoria do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo) de São Paulo.

Abuso – A empresária relatou que fechou um pacote de fertilização por R$ 32 mil, em 1999, com direito a três tentativas e precisou operar uma das trompas, que apresentou problemas. Segundo ela, quando foi retirar os pontos teve um sangramento e chorou. O médico, então, teria tentado beija-la e ela virou o rosto.

Ela conta que ficou atordoada, mas acrescenta: “como já tinha pago o pacote de fertilizações, havia feito uma operação para a retirada da trompa, optei por iniciar o tratamento”.

Dois meses depois ela retornou à clínica para retirada dos óvulos e, conta, quando se recuperava e voltava da sedação o médico apalpou seus seios. Como estava sonolenta, diz “pensei: 'Acho que estou sonhando, não é real, é coisa da minha cabeça.'

A empresária conta que não conseguiu engravidar nesta primeira tentativa de fertilização e como tinha direito a mais duas voltou à clínica 50 dias depois e desta vez ele teria novamente abusado dela. “Acordando da sedação, ainda grogue, vi que eu estava com o pênis dele na mão. Ele viu que eu havia despertado, tentei me levantar, cheguei a sentar na maca. Aí, o dr. Roger abaixou o jaleco, disse 'calma, calma, calma', e saiu da sala. Saí na sequência, e não o vi mais ali na clínica”, relata Ivanilde. Segundo ela, a tentativa de abuso foi novamente frustrada e ela acabou contando ao marido sobre os abusos.

“Ele ficou revoltado, pensou em denunciar, mas não fizemos isso. Fui para um spa para emagrecer, quis ficar sozinha. Tempos depois consegui ter três filhos com a ajuda de um outro especialista em fertilização", diz.

Denúncias – O urologista Roger Abdelmassih é um dos pioneiros em fertilização in vitro do País e seu centro de reprodução considerado um dos mais modernos da América Latina.

Desde o fim do ano passado o médico é investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de São Paulo, que também apura se houve uso indevido de óvulos e manipulação gênica pelo médico.

"O dr. Roger se valeu da força física e da sedação para molestar suas pacientes. Mas a investigação deve se estender para outras práticas do médico", diz o promotor do Ministério Público Luiz Henrique Dal Poz, na entrevista veiculada pela revista Isto É. O médico nega os abusos e enviou nota dizendo: "Confio nos trâmites da Justiça e tenho a certeza de que estará nela a minha resposta."

Por Fernanda Mathias

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