03 maio 2009

ATENTADO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO: BLOG DO WALTER RODRIGUES É CENSURADO POR JUIZ

O jornalista Walter Rodrigues, editor do blog Colunão, recebeu um duro golpes nesta quinta-feira: uma decisão do juiz de plantão Raimundo Nonato Filho , determinando que fosse retirado todo o conteúdo que se referisse ao juiz Abraham Lincoln Sauaia, que determinara que a Caema pague uma indenização milionária (R$ 25 milhões) à Construtora Morada Nova. Abaixo reproduzo texto postado no "Colunão", com detalhes da decisão do juiz.

Injustiça ataca. Colunão sai do ar
Acabo de receber mais uma ordem judicial, transmitida com urgência por uma (In) Justiça que nunca foi tão célere.

Desta vez é para tirar do ar todas as matérias, com respectivos títulos e comentários, que se refiram ao juiz Abraham Lincoln Sauaia, da 6a vara cível, inclusive a que resume informações constantes de relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e da própria Corregedoria de Justiça do Maranhão.

Mais: até uma carta do desembargador Stélio Muniz ao Colunão deve ser escondida dos olhos dos leitores, apenas porque seu teor aborrece aos dois magistrados, o que requereu e o que deferiu a borracha.

Hoje de manhã, acatei a censura da matéria “Sauaia e o escândalo da Caema”, determinada, no chamado Plantão Civil, pelo juiz Raimundo Sampaio Silva. Acerca do qual não se pode esquecer que já passou cerca de três anos suspenso das funções, em consequência de relatório de correição extraordinária de conteúdo arrasador.

Pensei no momento que era muita falta de sorte minha que o pedido de Sauaia fosse formulado justamente quando Sampaio se achava no Plantão. Mas, tranquilo, deixei para cuidar na segunda-feira das providências cabíveis junto ao Tribunal de Justiça.

Agora não foi mais o plantonista. Foi a chamada “distribuição automática”, imagino, que fez cair o processo nas mãos do juiz Douglas Amorim.

Amorim é o mesmo que, em fevereiro, veja só que coincidência, foi sorteado pelo destino para apreciar e conceder um pedido de censura do Colunão, apresentado pelo juiz Luiz Gonzaga, da 8a vara cível. Na época, mesmo discordando, acatei a ordem e interpus agravo no TJ, que até hoje não foi julgado.

Anote também que Amorim e Gonzaga e Sauaia são parceiros não somente no ofício, mas também nos procedimentos duramente criticados tanto no relatório do CNJ, quanto na correição do TJ.

Visto os autos etc, estamos num impasse. Não dá para submeter o Colunão ao capricho de juízes cujo poder não parece ter limite e que tratam os direitos constitucionais do cidadão e do jornalista como vaga referência ao que devia ser, mas não é.

Também não dá para simplesmente ignorá-los, porque não há certeza de que o Estado de Direito esteja em vigor no Maranhão.

Minha resposta então é que impetrarei mandado de segurança com pedido de liminar contra esses desmandos. Por mais otimista que pareça, estou confiante. Enquanto aguardo, pedirei à Elo Internet que tire o saite do ar. Antes isso que mutilá-lo ao gosto da ditadura forense, permitindo que vire moda o que devemos rejeitar como anomalia.

Voltarei assim que o TJ restabelecer a ordem.

Meu e-mail é wr.walter@uol.com.br.

PS — Tanto o mandado de Sampaio, quanto o de Amorim, determinam que eu retire as matérias também de “outros blogues” que as estejam reproduzindo... Sem comentários, já que nenhum comentário educado é possível.

Meu Comentário:

Que crime cometeu Walter Rodrgiues, no livre exercício da profissão? Nenhum. No entanto, os intocáveis deste país, acham-se acima do bem e do mal. O Judiciário brasileiro está cheio de péssimos exemplos para todo o país. O CNJ tem contribuído para trazer à tona a podridão em que muitos de seus integrantes estão imersos. Aliado a isso, tem-se uma imprensa quase sempre vigilante, pronta para escancarar esse mar de lama à sociedade. É o mínimo que se pode fazer em favor da depuração de um poder que se pretende imaculado. Infelizmente, o poder da toga está sufocando a liberdade de expressão.

Como jornalista, apresento minha solidariedade ao colega Walter Rodrigues. Abaixo a ditadura da toga!

Fonte Gilberto Lima

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