18 dezembro 2008

A crise como biombo para exploração oportunista


O cenário e os dados demonstram como o governo acertou nas medidas anticrise - exceção dessa manutenção das taxas de juros - e na firmeza com que age para garantir o crédito e a liquidez, manter os investimentos e reduzir impostos para evitar uma queda abrupta do crescimento e do consumo.

Também se sobressai a importância da palavra do presidente Lula para impedir que o pânico e o medo se propagassem, tomassem conta de nossa sociedade. A arrecadação, comparando novembro a outubro últimos, caiu 16,74%. Aumenta o desemprego - 34 mil demitidos em novembro em São Paulo.

Isso exige do governo um acompanhamento pente fino de cada setor da economia e mão forte dentro da máquina administrativa e burocrática para que os investimentos do PAC em saneamento e educação não fiquem parados nas gavetas da burocracia, ou nos descaminhos dos órgãos ambientais e de controle.

Afastem essa história de flexibilização trabalhista

Nesse cenário começam e crescem as pressões para acordos trabalhistas por redução da jornada de trabalho e dos salários, corte de horas extras, banco de horas e demissões voluntárias, entre outros dispositivos sociais da legislação - pressões todas objetivando a chamada flexibilização das relações e leis trabalhistas.

Mas enquanto isso, não se mexe na estrutura tributária, a não ser as medidas do governo com relação ao IPI, IOF e IRPF. Nem se reduz a taxa de juros.

Fato é que não se pode aceitar que os trabalhadores paguem o preço da crise, abrindo mão de direitos e salário sob a ameaça de perder o emprego, enquanto o rentismo continua com 8% de juros reais e as empresas e pessoas físicas continuam pagando, na média, 24% a 28% de spread nos empréstimos bancários.

Por Jose Dirceu

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