16 fevereiro 2009

Mídia Política - Inversão de Valores e Hipocrisia

A sociedade brasileira está dia-a-dia perdendo o rumo. Os juízos de julgamento e o peso dos valores estão caminhando no terreno pantanoso da hipocrisia. Dependendo ou não dos interesses em jogo, a imprensa de forma geral que - pela sua responsabilidade na formação da opinião publica - deveria ser absolutamente isenta, não aquilata, não pesa e nem mede a repercussão de suas publicações.

Tenho acompanhado pela imprensa o ocorrido com o jovem vereador por Cuiabá, Ralf Leite – o qual não conheço pessoalmente – e teço as minhas criticas com a repercussão exagerada com o fato. Não entendo o porquê de tanto barulho, tanta trovada para tão pouca chuva.

O flagrante ocorrido no encontro de natureza sexual entre o vereador e um travesti é muito mais um problema seu, pessoal, que ele tem que resolver com a namorada ou esposa, se for casado. O seu erro, na verdade, foi deixar acontecer em via pública. Errou quando tentou dar a famosa carteirada e, mais ainda, quando usou o nome do pai, oficial da policia para intimidar os policiais. Deve ser enquadrado na forma de lei enquanto cidadão, mas longe, muito longe de se pensar ou falar em cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar.

Muito mais grave do que um ato impetuoso de um jovem – que coincidentemente é vereador - é o fato de vereadores colocarem a faca na garganta do prefeito, obrigando-o a criar despesas desnecessárias, secretarias sem função ou utilidade deixando de lado os interesses maiores da população numa cidade que nasceu sem planejamento como todas de origem da era garimpeira, deixando como herança uma complexidade de problemas.
O vereador – que está na berlinda - não causou nenhum prejuízo, à saúde, à educação e nem à segurança pública. Não usou dinheiro publico para fazer o seu programa. O seu pecado, evidentemente levado pela imaturidade, foi não ter escolhido as quatro paredes pra fazer o que muitos falsos moralistas fazem.

Pelo que se acompanhou pela imprensa - a acreditar nas noticias - a Câmara Municipal de Cuiabá tem coisas mais sérias a tratar. Coisas que, se verdadeiras, atingem diretamente o bolso do povo, como as prestações de contas dos ex-presidentes Chica Nunes e Lutero Ponce. Ou será que o assunto morreu?

A imprensa deveria se manifestar com bastante ênfase, e cobrar transparência sobre o contrato que a Secretária de Saúde do Estado fez com uma OSCIP chamada IDEP. Foram 18 milhões de reais. Dinheiro que poderia ser aplicado no Pronto Socorro de Cuiabá, que todo mundo sabe, atende pacientes de todo o Estado. Isto porque, a maioria dos prefeitos do interior usa os hospitais municipais e os postos de saúde como rodoviárias de ambulâncias. Qualquer problema mais sério é jogado para Cuiabá.

Quanto serviço relevante a imprensa prestaria se questionasse o serviço que o IDEP presta, e qual a sua real utilidade numa secretaria que tem mais de cinco mil funcionários e todos deles capacitados. Também se fizesse uma reportagem investigativa nas denuncias de rombo na Sinfra. Quanto se gastou com A Home Care, quanto se repassa para a revista, de um sobrinho do governador, o porquê de o governador triplicar o duodécimo da Assembléia Legislativa e nem os próprios deputados que defendem a moralidade terem acesso aos gastos.

Estão querendo crucificar o vereador Ralf, como se tivesse comido o “boi do divino”, usando-o como boi de piranha, uma cortina de fumaça para a população esquecer-se das barbaridades que se pratica com o dinheiro público.

É bem verdade que o homem público tem que cuidar da sua imagem, mas todo mundo já foi jovem um dia. Fazer desse assunto um cavalo de batalha e esquecer-se do povo sofrido, que morre nos corredores dos hospitais públicos, das crianças abandonadas, sem escolas, da violência que faz com que as pessoas de bem sejam prisioneiras enquanto os bandidos desfilam garbosos pelas ruas e avenidas, tudo fruto da corrupção generalizada, certamente, não é prestar um bom serviço.

Por Pedro Lima

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